De Bento a Francisco
São Bento introduziu na história da Igreja Católica e no seio da humanidade a cultura da oração contemplativa e do trabalho em favor do desenvolvimento integral do homem.
São Francisco de Assis introduziu na mesma corrente histórica a cultura do desapego, da pobreza, do amor à Criação divina, em favor do desenvolvimento integral do cristão.
O Papa Bento XVI renunciando ao ministério petrino por causa do decaimento do seu vigor físico escreveu com esse seu ato surpreendente uma linha histórica, que após poucos dias, continuou com a eleição do Papa Francisco I.
A linha histórica da pobreza de espírito, anunciada na bem-aventurança sobre os pobres de espírito, é a que permite a existência do reino dos céus.
A Igreja Católica existe para preparar e confirmar na fé todos os batizados, que pertencendo ao Reino dos céus devem saber construir no tempo de vida o reino da terra com justiça, paz e verdade.
O Papa Francisco surpreendeu o mundo católico, e mais ainda o mundo da mídia internacional, pela facilidade com que ele apresentou o Reino dos Céus sem desqualificar nem condenar o reino da terra.
Um Papa que andava de ônibus e frequentava o metrô da rede de transporte de Buenos Aires, que fez um gesto positivo com o polegar ao povo que lhe aplaudia na Praça de São Pedro, que se curvou para receber a bênção de uma multidão que esperava a sua primeira bênção pontifical, está demonstrando que ser homem de oração e de trabalho, ser cristão desprendido do supérfluo e do luxo, é ser uma pessoa capaz de unir o céu e a terra.
Pontífice significa precisamente ponte, caminho seguro e transitável sobre um espaço vazio, que une pontos distantes.
Francisco I começou bem seu pontificado. Cabe aos homens e às mulheres de boa vontade e aos batizados, católicos e cristãos, bem como aos demais seguidores das religiões existentes no mundo, valorizar essas suas primeiras lições de Papa.
Construir pontes entre culturas, entre religiões, entre povos e civilizações, entre famílias abastadas e famílias pobres, entre ciência e consciência, entre fé e razão, … construir e não destruir é possível, se aprendemos a ser pobres e humildes de coração.
Que São Bento e São Francisco de Assis, autênticos construtores de pontes na história da Igreja e da humanidade, continuem inspirando a geração do terceiro milênio para que seja um povo construtivo dos valores humanos e cristãos que unem o Reino dos Céus e o reino da terra.
FAMCLAM
Dra Maria Inez Linhares -Presidente
Dom Antonio Augusto Dias Duarte – Bispo auxiliar do Rio de Janeiro e Consultor Eclesiástico
Dr Luiz Roberto Castello-Branco – Secretário